Black Mirror 5x02 (2019): “Smithereens” | Crítica

“Esse é o meu último dia” – Chris

Black Mirror mantém o roteiro pé no chão e entrega um episódio que prende o espectador do início ao fim. Smithereens conta a história de Chris (Andrew Scott), um motorista de uber que adquiriu rancor por redes sociais. Em uma tentativa desesperada para falar com o criador da rede social Smithereens, Chris sequestra um dos estagiários da empresa e o faz de refém.

O episódio faz fortes críticas à forma cotidiana que as redes sociais são utilizadas, e como eventos sérios são tratados de forma banal. Em alguns momentos, se percebe que o uso do celular consegue ser equivalente a bebida, sendo o vício um dos principais assuntos abordados aqui.

Andrew Scott (Sherlock) faz um excelente trabalho como o Chris nesse episódio. Os motivos do seu personagem pelos seus atos podem até ser considerado aceitáveis por parte de alguns telespectadores, embora suas atitudes não fossem as mais certas. Andrew entrega um personagem amargurado, que não superou seu passado e apresenta resquícios de culpa.

Damson Idris (Snowfall) atua como o estagiário sequestrado. Ao invés de ser um personagem de pano de fundo, ele também possui sua própria história antes de chegar até ao ponto do caos. Além de entregar o solicitado, o ator dá ao personagem medo e solidariedade ao seu sequestrador. O nome que mais se houve no episódio é o do Billy Bauer. Ele é o criador da rede social e é interpretado por Topher Grace (That '70s Show), que apresenta um tipo de Jesus moderno, que medita e fala palavrão.

Mesmo com uma história que poderia acontecer ontem, hoje ou amanhã, Smithereens é um episódio que não deve em nada a outros capítulos da série. Ele entrega tensão, momentos de drama e boas atuações. Em mais um capítulo envolvente, Black Mirror mostra que quantidade não é o mesmo que qualidade. Em vista da temporada anterior, a série deixa escancarado que, para ela, menos é mais.