O Cristal Encantado (1982) | Crítica
- Guto
- 25 de mai. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 31 de mai. de 2019

"Estamos ligados. Compartilhando as nossas memórias" - Kira
O Cristal Encantado é um filme de fantasia sombria feito inteiramente de fantoches lançado na década de 80. Ele foi dirigido pelo criador dos Muppets, Jim Henson (Labirinto) e produzido pela ITC Entertainment, a antiga produtora de Vila Sésamo. Inspirado nos contos de J. R. R. Tolkien (Senhor dos Anéis), sua construção de mundo influenciou na elaboração de filmes como A História sem Fim (1984) e O Mundo Fantástico de OZ (1985), que também traziam uma roupagem sombria a sua história, mesmo que o roteiro e as falas por vezes parecessem altruístas em alguns momentos.
O filme conta a história de Jen (Stephen Garlick), o ultimo Gelfling sobrevivente de um ataque dos assustadores e horripilantes Skeksis. Ele foi criado pelos Místicos com o objetivo de obter a lasca perdida do Cristal Negro antes que os três sois se alinhem. Caso Jen não consiga, os Skeksis governarão para sempre.
Em primeira vista, o filme pode soar como uma clássica história padrão do herói que precisa salvar o mundo de um vilão maligno que quer destruir a vida na terra. Mas ao decorrer do filme, se percebe que a narrativa construída é mais complexa do que aparenta. É absurdo o quão criativo foi a elaboração daquele mundo que foi construído. Em alguns momentos, o filme pode até mesmo soar como uma recriação da história bíblica de Adão e Eva, fugindo na maioria das vezes da previsibilidade. Mesmo com todo o fascínio que o filme traz visualmente ao telespectador, esse é um mundo de fantasia onde você definitivamente não gostaria de morar.
Tudo ali reflete como um mundo com novos seres e novos ambientes. Apesar de serem feitos com fantoches, os elementos ali construídos soam bastante realistas à pessoa que assiste. Em uma época em que o CGI era praticamente inexistente, Jim Henson mostrou um mundo onde há um ciclo da vida, cadeia alimentar, humilhação, destruição e renovação, entre outros vários elementos que soam como a sociedade, mas em um universo com seres totalmente diferentes do que estamos acostumados. A trilha sonora do filme é muito bem trabalhada. Ao invés de somente servir ao filme, ela ganha vida própria nas mãos de Trevor Jones (O Último dos Moicanos) que entrega um estilo épico e medieval que o filme possui em sua essência.
O Cristal Encantado é um épico cinematográfico ao estilo Game of Thrones (2011) que foi injustiçado em sua época de lançamento devido ao seu estilo sombrio. Ainda hoje, o filme ainda não recebeu a atenção que ele merece, mas é bastante valorizado por quem o nota. De certa forma, esse é um filme que revolucionou o conceito de fantasia e que definitivamente deve ser conferido.

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